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A inclinação do tronco diferencia a espondilólise em fase inicial da dor lombar não-específica em adolescentes.

Revisão realizada por Dr Sarah Haag info

PONTOS CHAVE

  1. O teste da inclinação do tronco parece diferenciar a espondilólise em fase inicial da dor lombar não-específica em adolescentes.
  2. O teste de inclinação do tronco positiva indica que mais exames imagiológicos podem e ser úteis para identificar a espondilólise em fase inicial.

CONTEXTO E OBJETIVO

A taxa de espondilólise em adolescentes que praticam desporto é 3-4 vezes superior à da população em geral. Embora a incidência de dor lombar (DL) na população geral seja elevada, a identificação da dor resultante da espondilólise em fase inicial (EFI) é importante para que se possa proceder a intervenções adequadas. O objectivo deste estudo foi determinar qual era a característica mais comum que provocava dor lombar em adolescentes com espondilolise em fase inicial.

A taxa de espondidólise em adolescentes que praticam desporto é 3-4 vezes superior à da população em geral.
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Se, ao realizar inclinação do tronco, o paciente apresentar uma dor lombar >3,5 na escala numérica, o clínico deve ser mais cauteloso quanto à presença de espondilólise em fase inicial.

MÉTODOS

Os participantes neste estudo eram atletas com idade ≤18 anos que apresentavam DL aguda, com início há um mês. Os participantes com sintomas radiculares, com diagnóstico evidente de espondilólise, ou espondilolistese apresentada na radiografia, foram excluídos. Foram obtidas seis imagens de ressonância magnética para cada participante. A EFI era diagnosticada se o pedículo lombar da coluna vertebral mostrasse alta intensidade de sinal, nas gorduras saturadas, nas imagens ponderadas em T2 e baixa intensidade de sinal nas imagens ponderadas em T1.

Os participantes foram divididos em dois grupos, o grupo não específicoo de DL (NS-DL) e EFI com base nos resultados da ressonância magnética. A DL foi avaliada com recurso à escala visual analógica (EVA) para relatar a dor mais intensa do paciente, na semana anterior, e a Escala de Oswestry (EO), antes dos testes de movimento.

Os testes de movimento baseavam-se em movimentos ativos, realizados apenas uma vez, na posição ortostática. Os movimentos incluíam hiperflexão, hiperextensão, rotação e inclinação do tronco (ver o vídeo de demonstração dos mesmos). As dores lombares foram avaliadas após cada movimento, com recurso à escala de classificação numérica (EN).

DEMOSTRAÇÃO DOS TESTES DE MOVIMENTO https://youtu.be/0T6ZPG4o_Ek

RESULTADOS

  • A ressonância magnética não identificou nenhuma patologia adicional à EFI e à degeneração do disco.

  • Não houve diferenças significativas, entre os grupos, tanto pela EVA como pela EO. A única diferença siginificativa foi que a EN foi maior no grupo de EFI com inclinação do tronco.

LIMITAÇÕES

  • Este estudo não incluiu adolescentes assintomáticos. Isto exclui pessoas que podem apresentar ressonâncias magnéticas com resultados, mas que não tiveram queixas álgicas, com ou sem EFI.

  • Só as pessoas com dores relacionadas ao movimento é que foram incluídas neste estudo. Pessoas com dor em repouso e pessoas que não tiveram dor, mas que podem ter acrescentado informações valiosas à utilidade deste teste, também foram incluídas.

IMPLICAÇÕES CLÍNICAS

A dor lombar é comum em adolescentes e adultos (1) e, clinicamente, é fundamental saber quando a dor lombar é devida a algo patológico, pois terá impacto na escolha da intervenção ou na necesssidade de encaminhamento.

As directrizes recomendam que, para quem procura ajuda para a dor lombar, deve-se aconselhar a que permanecem ativos (2,3). Este seria, em geral, um bom conselho. No entanto, a espondilólise é muito mais comum em adolescentes que praticam desportos, e por isso, ao recomendar que se mantenham activos, sem modificar as suas actividades, poderá resultar em mais lesões. Fazer um teste clínico, que permitisse a um clínico sentir-se confiante de que é seguro o adolescente continuar com o seu nível de actividade, seria muito valioso.

Se, ao realizar inclinação do tronco, o paciente apresentar uma DL >3,5 na EN, o clínico deve ser mais cauteloso quanto à presença de EFI. Este teste (juntamente com a consideração de outros factores de risco para a EFI) pode ajudar os clínicos a identificar adolescentes que possam necessitar de exames de imagiologia. A identificação da EFI é importante se um adolescente estiver interessado em continuar a realizar desportos que envolvam extensão, de modo a que se consigam ser implementados cuidados precoces, para reduzir o risco de progressão.

+REFERÊNCIAS DE ESTUDO

Sugiura S et al (2022) Lateral bending differentiates early-stage spondylolysis from nonspecific low back pain in adolescents. Musculoskeletal Science and Practice, 58.

MATERIAL DE APOIO

  1. Jones, GT 2005, ‘Epidemiology of low back pain in children and adolescents’, Archives of Disease in Childhood, vol. 90, no. 3, pp. 312–316.
  2. George, SZ, Fritz, JM, Silfies, SP, Schneider, MJ, Beneciuk, JM, Lentz, TA, Gilliam, JR, Hendren, S & Norman, KS 2021, ‘Interventions for the Management of Acute and Chronic Low Back Pain: Revision 2021’, Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, vol. 51, no. 11, pp. CPG1–CPG60.
  3. O’Connell, NE & Ward, SP 2018, ‘Low Back Pain: What Have Clinical Guidelines Ever Done for Us?’, Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, vol. 48, no. 2, pp. 54–57.