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A eficácia das técnicas de tensão e deslize neural na gestão da dor no quadrante superior: uma revisão sistemática de estudos randomizados controlados

Revisão realizada por Dr Sarah Haag info

PONTOS CHAVE

  1. A mobilização neural parece ter eficácia na redução da dor na síndrome do túnel cárpico e na radiculopatia cervical.
  2. A mobilização neural não se mostra eficaz como tratamento isolado da dor no quadrante superior.

CONTEXTO E OBJETIVO

A mobilização neural (MN) é geralmente utilizada como intervenção no tratamento de pessoas com variadas queixas músculo-esqueléticas. As técnicas de tensão e deslize neural são dois tipos de MN que podem ser aplicadas em diferentes queixas músculo-esqueléticas, no entanto há mais evidência que suporta o uso dessas técnicas em queixas nos membros inferiores.

O objetivo desta revisão sistemática foi sumarizar a evidencia disponível sobre a utilização das técnicas de tensão e deslize neural na gestão da dor no quadrante superior (DQS).

A mobilização neural (MN) é geralmente utilizada como intervenção no tratamento de pessoas com variadas queixas músculo-esqueléticas.
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Este artigo sugere que as técnicas de deslize proporcionaram mais efeito analgésico na dor aguda e as técnicas de tensão proporcionaram mais efeito analgésico na dor crónica.

MÉTODOS

  • Foram utilizadas as guidelines da checklist PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) para conduzir esta pesquisa. Foi realizada uma exaustiva para identificar estudos randomizados controlados que avaliassem a eficácia das técnicas de tensão e deslize neural em pacientes adultos que sofressem de DQS.

  • Na pesquisa inicial foram encontrados 974 artigos. Após retirarem os duplicados e os resumos submetidos a rastreio para inclusão, os artigos de texto integral que sobraram foram rastreados por dois investigadores, e foram clarificadas as razões para os critérios de exclusão e inclusão.

  • Por fim, 25 artigos forma incluídos na análise. Os dados foram extraídos e o risco de enviesamento foi avaliado através da pontuação PEDro (Physiotherapy Evidence Database). Os estudos incluídos foram resumidos de forma descritiva e foi realizada uma análise qualitativa.

RESULTADOS

  • Os 25 artigos foram categorizados pelas condições músculo-esqueléticas do quadrante superior (p.e síndrome do túnel cárpico, síndrome do túnel cubital, radiculopatia cervical, e epicondilite lateral).

  • Independentemente das condições músculoesqueléticas, ou se foram utilizadas técnicas de tensão, ou de deslizamento, ou ambas, na intervenção, a maioria dos sujeitos reporta melhorias ao longo dos tratamentos, apesar de nem sempre serem estatisticamente significativas.

  • Muitos estudos combinaram a MN com outras intervenções como exercícios ou modalidades tornando difícil determinar se a MN deve ser recomendada como tratamento isolado.

LIMITAÇÕES

  • A falta de terminologia padronizada em relação à abordagem investigada, aumenta a probabilidade de que alguns RCT não tenham sido incluídos, devido à utilização de terminologia diferente para descrever as intervenções da MN.

  • A dor foi o único resultado considerado neste estudo, pelo que, o impacto da MN nas atividades funcionais não foi avaliado nesta revisão.

IMPLICAÇÕES CLÍNICAS

A mobilização neural é uma intervenção que visa “restaurar a homeostase em redor do sistema nervoso” (1). A MN tem sido usada clinicamente para tratar várias questões relacionadas com a dor ou a perda de função. Apesar de o mecanismo exato, de como e porque é que a MN pode ajudar, não ser conhecido, muitos estudos que analisam a MN consideraram-na útil, no entanto com limitações. As técnicas de tensão e deslize neural promovem diferentes movimentos pelo sistema nervoso periférico. A técnicas de tensão promovem um aumento da excursão nervosa, enquanto que as técnicas de deslize alongam o leito e o tecido conjuntivo do nervo (2).

Esta revisão sistemática analisou especificamente as condições do quadrante superior. No geral, o plano de tratamento que inclua a MN resulta em melhorias. É importante referir que a maioria das intervenções foram multimodais, pelo que não é possível dizer quanto é que a MN acrescentou às outras intervenções do estudo.

Esta revisão sistemática mostrou que as técnicas de deslize pareciam proporcionar mais efeito analgésico na dor aguda no quadrante superior, enquanto que as técnicas de tensão proporcionavam mais efeito analgésico em condições crónicas. Embora não houvesse evidência suficiente para recomendar a junção da MN a um plano de tratamento, para a síndrome do túnel cubital, da epicondilite lateral ou da síndrome do impacto no ombro, pode considerar-se incluir a MN num plano de tratamento para a síndrome do túnel cárpico ou radiculopatia cervical.

+REFERÊNCIAS DE ESTUDO

Papacharalambous C, Savva C, Karagiannis C, Giannakou K (2022) The effectiveness of slider and tensioner neural mobilization techniques in the management of upper quadrant pain: A systematic review of randomized controlled trials, Journal of Bodywork and Movement Therapies, 31, 102-112.

MATERIAL DE APOIO

  1. Basson, A, Olivier, B, Ellis, R, Coppieters, M, Stewart, A & Mudzi, W 2017, ‘The Effectiveness of Neural Mobilization for Neuromusculoskeletal Conditions: a Systematic Review and Meta-analysis’, Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, vol. 47, no. 9, pp. 593–615.
  2. Coppieters, MW, Hough, AD & Dilley, A 2009, ‘Different Nerve-Gliding Exercises Induce Different Magnitudes of Median Nerve Longitudinal Excursion: an in Vivo Study Using Dynamic Ultrasound Imaging’, Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, vol. 39, no. 3, pp. 164–171.