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Eficácia dos programas de intervenção de aquecimento para prevenir lesões desportivas entre crianças e adolescentes: uma revisão sistemática e meta-análise
PONTOS CHAVE
- A implementação de um programa de intervenção de aquecimento é um método eficaz para reduzir o risco de lesões dentro de uma coorte de crianças e adolescentes.
- Através da redução do risco de lesões, espera-se que estas crianças possam permanecer no desporto e, portanto, obter mais dos benefícios esperados associados à participação.
- A intervenção de aquecimento mais eficaz é o controlo neuromuscular e o equilíbrio.
CONTEXTO E OBJETIVO
A participação desportiva deve ser encorajada entre crianças e adolescentes devido à sua relação com a redução da obesidade, com a condição cardiovascular e com o desenvolvimento de competências. Também associado a esta participação desportiva está um risco acrescido de lesões, com algumas investigações a sugerir que uma em cada cinco lesões sofridas dentro destes grupos etários pode ser relacionada com a participação desportiva.
Se queremos garantir que as crianças continuem a obter os benefícios da participação desportiva, então é importante que compreendamos a eficácia dos programas de intervenção de aquecimento (PIA) na redução dos riscos associados.
O objectivo deste estudo foi fornecer conhecimentos e orientar a implementação dos PIA mais eficazes na prevenção de lesões desportivas para crianças e adolescentes.
É possível obter melhores resultados na redução de lesões através da compreensão das necessidades específicas e dos padrões de lesão do coorte exacto com o qual se está a trabalhar.
MÉTODOS
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A fase inicial do estudo envolveu a realização de uma pesquisa bibliográfica para assegurar que todos os artigos apropriados e relevantes fossem identificados e contidos na revisão sistemática e meta-análise subsequentes.
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Todos os estudos identificados como parte da pesquisa foram então submetidos a uma série de critérios de inclusão e exclusão para garantir a sua relevância.
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Todos estes artigos foram então independentemente identificados por dois autores para avaliar a sua qualidade metodológica.
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Todos os dados extraídos dos estudos foram calculados para uma taxa de lesões, dividindo a soma do número de lesões no grupo de intervenção/horas de exposição total pela soma do número de lesões no grupo de controlo/horas de exposição total.
RESULTADOS
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A extensa pesquisa bibliográfica proporcionou aos investigadores apenas 15 artigos que puderam incluir no âmbito da meta-análise.
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Estes dados agrupados incluíam 21.576 participantes que sofreram 3910 lesões durante um período de 110,5 meses de intervenção.
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A taxa de risco de lesões, tal como descrita na secção anterior, foi calculada em 0,64, o que implicou uma redução de 36% nas lesões desportivas na sequência da implementação do PIA.
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Os autores também rejeitaram a hipótese nula, o que significa que se concluiu que o PIA reduziu significativamente o risco de lesões em crianças e adolescentes.
LIMITAÇÕES
A principal força deste estudo é também a sua principal limitação. Com a vasta gama de dados incluídos na análise (o que significa que se pode concluir que a introdução de um programa de intervenção de aquecimento é útil), não podemos tirar conclusões mais rigorosas em torno de desportos e coortes específicos. Também não podemos determinar que intervenções específicas são mais importantes para incluir nos programas.
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
Antes de discutir as implicações clínicas deste ensaio, é importante compreender verdadeiramente o que é definido como um PIA pelos autores e a investigação que estes analisaram. Eles definem um PIA como "uma série de exercícios físicos realizados antes de um exercício mais vigoroso". Este estudo incluiu apenas exercícios de aquecimento ativos que poderiam depois ser sub-categorizados como gerais ou específicos. Todos os exercícios de aquecimento passivos, que foram definidos por aumentar a temperatura corporal ou muscular, por meios externos, foram excluídos.
Embora as especificidades da investigação sejam difíceis de aprofundar, mostra-se que o plano de intervenção mais comum (utilizado em 14 dos 15 artigos analisados) foi o dos exercícios baseados na força. Também 11 dos 15 PIAs incluíam exercícios aeróbicos. Apenas 4 dos estudos incluíram exercícios baseados no equilíbrio, o que justifica uma discussão mais aprofundada.
Os autores deste artigo encontraram, numa análise de subgrupo, que as intervenções de exercício neuromuscular/equilíbrio tiveram melhores resultados do que os programas abrangentes. Eu propunha que estes resultados estivessem de acordo com a investigação anterior sobre o pico de velocidade da altura (PVA). Sheehan e Lienhard demonstraram que houve uma diminuição na aptidão motora imediatamente após a fase do PVA. Tomando isto em consideração, em combinação com as descobertas de que o pé e o joelho eram os locais mais lesionados nos atletas adolescentes de elite, pode compreender-se porque é que o objectivo específico de melhoria do equilíbrio num PIA teria maior efeito.
Estes atletas adolescentes estão a passar pela fase de vida em que acontecem maiores mudanças na sua composição física. Portanto, o fornecimento de um programa abrangente como o FIFA 11+ ajudará a reduzir o risco de lesões, tal como apoiado pela meta-análise deste documento. No entanto, a análise de subgrupo tornou claro que é possível obter melhores resultados na redução de lesões, através da adaptação do aquecimento às necessidades específicas do grupo.
+REFERÊNCIAS DE ESTUDO
MATERIAL DE APOIO
- Sheehan, D.P. & Lienhard, K. (2019). Gross Motor Competence and Peak Height Velocity in 10- to 14- Year-Old Canadian Youth: A Longitudinal Study. Measurement in Physical Education and Exercise Science, 23, 89-98.
- Von Rosen, P., Heijne, A., Frohm, A., Friden, C. & Kottorp, A. (2018). High Injury Burden in Elite Adolescent Athletes: A 52-Week Prospective Study. Journal of Athletic Training, 53(3), 262-270.
- Sadigursky, S., Braid, J.A., De Lira, D.N.L., Machado, B.A.B., Carneiro, R.J.F. & Colavolpe, P.O. (2017). The Fifa 11+ injury prevention program for soccer players: a systematic review. BMC Sports Science, Medicine and Rehabilitation, 9, 18.