Terapia Manual: sempre um tratamento passivo?

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Escrito por Physio Network info

Um artigo recente de opinião discutiu o uso e o valor da terapia manual, questionando se esta pode realmente ser classificada como “passiva”, considerando a forma como é utilizada no contexto clínico.

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TÍTULO DO ESTUDO: Terapia manual: sempre um tratamento passivo? – Rhon e Deyle (2021)

 

Pontos-chave do estudo

  • Estratégias passivas e ativas podem formar, de forma sinérgica, um modelo de tratamento multimodal.
  • Separar a terapia manual e o exercício em investigações não captura cenários clínicos reais.

 

Contexto e Objetivo

A terapia manual tornou-se um componente polarizador da prática de fisioterapia, com opositores a argumentarem que terapias passivas proporcionam cuidados dispendiosos e de baixo valor. Os autores deste artigo de opinião contestam que esta perspetiva é “superficial e excessivamente simplista”.

No contexto de como a terapia manual é geralmente aplicada em ambientes clínicos, propõem que esta é um modelo integrado de gestão com elementos ativos e passivos, fundamentado no raciocínio clínico.

 

Definindo “Intervenção Passiva” e “Terapia Manual de Alta Qualidade”

A definição de terapia manual é variada e confusa. Em contextos clínicos de fisioterapia, “passiva” descreve tratamentos como modalidades (ex.: ultrassom, estimulação elétrica) e algumas formas de terapia manual não interativa. É esta natureza passiva que indica um cuidado de baixo valor.

Os autores defendem que a terapia manual de alta qualidade requer a participação ativa do paciente para “reforçar, utilizar e perpetuar quaisquer alterações nos sintomas ou movimentos que resultaram do tratamento manual”.

 

Implicações para a Síntese de Resultados de Investigação e Aplicação

Em muitas revisões sistemáticas, a terapia manual com componentes ativos e passivos é frequentemente separada na tentativa de avaliar os efeitos isolados da terapia manual. Os autores argumentam que, na prática clínica, os terapeutas utilizam predominantemente uma combinação de terapia manual com outros componentes, como o exercício. Separar estes componentes nas revisões sistemáticas exclui uma sinergia crítica na prática real de terapia manual e levanta preocupações de que possa ocorrer viés nos resultados das meta-análises.

Mensagens Confusas Afetam a Prática do Mundo Real

Um estudo recente sobre artrose do joelho, no qual a terapia manual foi integrada com sucesso, destaca o desafio para os clínicos. Pouco antes da publicação deste estudo, o American College of Rheumatology publicou orientações para o tratamento da artrose do joelho, nas quais recomendava contra o uso de terapia manual. No estudo recente, o exercício foi combinado com a terapia manual, destacando a aplicação sinérgica e fundamentada clinicamente de estratégias ativas e passivas (ex.: exercício e mobilização articular/de tecidos moles).

Do ponto de vista deste estudo, os dois componentes não podem ser separados – o objetivo da terapia manual é melhorar a qualidade e o desempenho do exercício/movimento.

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Implicações Clínicas

O debate sobre a terapia manual pode gerar uma dissonância significativa para o clínico bem informado e atualizado. É evidente, a partir das investigações relacionadas com a dor, que a terapia manual tem um pequeno tamanho de efeito quando usada de forma isolada (assim como outras modalidades, como o exercício), pelo que qualquer clínico que pratique exclusivamente terapia manual passiva precisa de uma atualização urgente.

Felizmente, na prática clínica diária, a terapia manual raramente é utilizada de forma isolada, sendo que a maioria dos fisioterapeutas emprega estratégias ativas e passivas numa mesma sessão de tratamento. É interessante refletir se um afastamento total do uso de qualquer terapia manual seria, na verdade, um passo atrás. Um modelo multimodal que envolva estratégias passivas e ativas de forma sinérgica é promovido como o mais eficaz pelos autores deste artigo, e a investigação apoia que a terapia manual é eficaz quando utilizada desta forma.

 

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