A tendinopatia patelar é uma condição dolorosa de sobreuso que é comum nos atletas, particularmente naqueles que se dedicam à corrida e aos saltos. Os sintomas incluem dor no joelho durante a atividade, sensibilidade localizada aquando a palpação e diminuição da função. É definida como dor desde a inserção do tendão patelar, até ao polo inferior da patela. A tendinopatia patelar está associada a alterações estruturais dentro do tendão, tais como a desorganização do colagénio, aumento da água, vascularização e celularidade. Os tratamentos preferidos para induzir adaptações do tendão incluem carga no tendão patelar.
Infelizmente, a gestão da tendinopatia patelar representa um problema difícil para os clínicos da músculo-esquelética, devido ao nível de incapacidade e cronicidade associados à condição. Este blogue tem como objetivo delinear, de forma breve, 5 métodos práticos para a gestão da tendinopatia patelar, de forma a que possa ser implementado imediatamente com os seus pacientes.
1. Carga Isométrica
Na revisão pelo Dr. Seth O’Neil, na Revisões de Pesquisa da Physio Network, analisou-se que as tendinopatias patelares podem ocorrer a meio da época, em atletas desportivos, e ter impacto no seu desempenho. Para alguns atletas, pode não ser viável ou necessário a paragem da época, para descansar o tendão. Portanto, a isometria pode ser uma opção para proporcionar, ao atleta, alívio da dor e manter o seu alto nível de desempenho.
Isto pode envolver a colocação do paciente numa máquina de extensão do joelho, e a exploração de quanta flexão do joelho o paciente pode tolerar, enquanto realiza uma contração isométrica durante um período de tempo. O estudo revisto pelo Dr. O’Neil, colocou os participantes a 30º de flexão do joelho enquanto mantinham contrações durante 10 segundos, ou 40 segundos, completando 24 séries ou 6 séries, respetivamente. Ambas as intervenções mostraram uma redução estatisticamente significativa da dor, sugerindo que a carga e o tempo que aguentam, podem ser adaptadas à preferência dos atletas, restrições de tempo e irritabilidade.
2. Carga Isotónica
Numa outra revisão de Tom Goom, na Revisões de Pesquisa da Physio Network, os participantes, com tendinopatia patelar crónica, foram randomizados num grupo de exercícios excêntricos e num grupo de exercícios isométricos, isotónicos e pliométricos. Este último grupo teve uma maior redução na dor, maior retorno ao desporto e maior satisfação. Alguns dos exercícios realizados por este grupo incluíam:
- Prensa de perna isotónica;
- Afundos isotónicos;
- Pliometria, tais como saltos em comprimento, de duas pernas;
- Salto em comprimento de uma perna;
- Saltos dianteiros;
- Saltos divididos.
No entanto, é essencial que os exercícios, acima mencionados, sejam prescritos como parte de um programa progressivo de reabilitação, baseado em resultados. Por exemplo, alguns indivíduos podem não ser capazes de completar os saltos divididos, até ao mês 6, enquanto outros indivíduos podem demorar até 12 meses, dependendo da gravidade da dor e da disfunção. Portanto, a individualização do plano de intervenção é essencial.
3. Treino de resistência pesada e moderada
O treino, com recurso a resistências pesadas, foi popularizado, nos últimos anos, como uma estratégia de tratamento para as tendinopatias. No estudo revisto por Todd Hargrove, na Revisões de Pesquisa da Physio Network, os autores compararam o treino com resistências pesadas, com o treino com resistências moderas, no tratamento da tendinopatia patelar. O grupo de resistências pesadas e o grupo de resistências moderadas realizaram prensa de perna e extensão de perna a 90% e 55% de 1RM, respetivamente, durante um período de 12 semanas. Curiosamente, ambos os grupos obtiveram melhorias significativas, mas não houve diferenças entre os grupos. Em termos de implicações para a prática, salienta-se, novamente, a importância de adaptar as intervenções às necessidades específicas do paciente.
Ao realizar uma análise das necessidades do atleta, poderá adaptar a intensidade dos exercícios de reabilitação, para corresponder às necessidades e exigências do seu desporto, com a tranquilidade de não ter que usar cargas pesadas ou moderadas, para obter adaptações. Por exemplo, um praticante de Powerlifting terá de se agachar >90% da sua 1 repetição máxima (RM) em competição. Isto significa que pode realizar reabilitação especifica no desporto, com o atleta (conforme a dor permitir) incorporando 90% dos agachamentos de 1RM, prensa de perna e extensão de perna para melhorar a dor e a disfunção.
Em contrapartida, se estiver a ajudar um fisiculturista, com tendindopatia patelar, o treino a 90% dos seus 1RM pode ser desnecessário e inapropriado, visto que treinam a intensidades submáximas, e volumes de treino mais elevados. Portanto, prescrever uma carga com 55% dos seus 1RM pode produzir os mesmos benefícios, ao mesmo tempo que é mais específico para as exigências do seu desporto.
4. Treino isoinercial ou treino de resistência lenta
Embora o exercício mais pesquisado, para a tendinopatia patelar, seja o agachamento, de uma perna, excêntrico e isolado, pode também haver um importante contributo para o treino bilateral de resistência progressiva. Na revisão pelo Dr. Teddy Wilsey, na Revisões de Pesquisa da Physio Network, os autores compararam o treino isoinercial com o treino de resistências pesadas e lentas, para a tendinopatia patelar.
O treino isoinercial não é algo que se veja na maioria dos ginásios, mas está a popularizar como um método de reabilitação. É basicamente uma carga isoinercial sobre a contração excêntrica, baseada na velocidade que o utilizador acelera a volta concentricamente na repetição anterior. Demonstrou-se que permite uma elevada taxa excêntrica de desenvolvimento de força, com cargas elevadas, através do tendão patelar. O grupo de resistências pesadas e lentas, efetuou repetições de tempo de prensa de perna e agachamentos, onde há um aumento do tempo sob tensão.
Após completarem a intervenção de 12 semanas, ambos os grupos obtiveram melhorias significativas na dor e na função. As intervenções também permitiram aos indivíduos trabalhar até 4/10 de dor, assegurando que esta voltava a níveis aceitáveis no prazo de 24 horas. Ambas as intervenções podem ser apropriadas para atletas e sugerem que nem toda a intervenção, na tendinopatia patelar, deve basear-se apenas em exercícios com uma única perna.
5. Plasma rico em plaquetas (PRP)
Claro, não se trata apenas da carga!
Se tem seguido os blogues da Physio Network e se tem mantido atualizado com as críticas da investigação, sabe que existe mais em ser um clínico da músculo-esquelética do que apenas exercício (se ao menos fosse assim tão simples). Temos de satisfazer as necessidades do atleta e do paciente, atender as suas preocupações, ler a sua linguagem corporal e demonstrar um cuidado empático. Alguns indivíduos vão querer educação sobre o porquê da dor, alguns vão querer uma explicação do que está a acontecer dentro do próprio tendão, e outros terão perguntas como “vi [inserir o nome do atleta de elite] a obter PRP para a sua tendinopatia, onde posso deitar as mãos a isso?”.
Como é que responde?
Não tema, o Dr. Ebonie Rio cobriu-o com uma excelente revisão de investigação, explorando o PRP para a tendinopatia patelar. Os grupos foram injetados com PRP rico em leucócitos ou pobre em leucócitos, ou soro fisiológico, no tendão patelar, e todos os participantes iniciaram um treino com resistências pesadas e lentas. No entanto, com 12 e 52 semanas de estudo, não houve diferença entre o grupo salino ou PRP..
Isto significa, que pode explicar ao seu paciente, que embora o seu atleta favorito jure que o PRP curou a sua tendinopatia patelar, atualmente não existem provas científicas que apoiem a recomendação do seu uso. (Agora tem o prazer de explicar por que razão valorizamos as evidências científicas, em detrimento dos relatos anedóticos, quando os doentes perguntam por que razão devem confiar nos cientistas em detrimento do seu atleta favorito, aproveite!).
Envolvimento
Este blogue destaca os vários métodos de gestão da tendinopatia patelar. Espero que tenha sido útil e que consulte as revisões de investigação para mais detalhes que estavam para além do âmbito deste blogue. Feliz reabilitação!
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